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TEMA: A responsabilidade social da Igreja Primitiva:
              Um modelo para os nossos dias.

Autor: Silvano Santos (Bacharel em Teologia pela FAECAD e Cursando Pós Graduação em Dependência Química pelo CESMAC. Diretor do Projeto O Resgate)

INTRODUÇÃO

          O estudo em questão trata do tema: A responsabilidade social da Igreja Primitiva: Um modelo para os nossos dias. Queremos na primeira parte desse artigo abordar alguns aspectos relacionados à responsabilidade social na vida de Tiago. Irmão do Senhor Jesus, o qual antes era incrédulo (Jo 7.2-5), mas passou a ser uma coluna dessa construção chamada cristianismo (Gl 1.19; 2.9).
          A razão da escolha deste tema foi justamente porque a omissão vem invadindo o cenário evangélico com relação o amor ao próximo, enquanto em nossos púlpitos é pregada a filantropia, na prática essa realidade está bem distante de nós, é a fé professada sem o acompanhamento das boas obras que a confirme como fundamentada na Palavra de Deus. O objetivo maior desta obra não é ofender, mas fazer repensar a nossa postura de cristãos em meio a uma sociedade que espera uma seriedade e compromisso de nós como igreja de Jesus Cristo que foi chamada assim como Tiago para servir.
        O objetivo específico deste estudo é abordar este tema numa perspectiva bíblica e atual trazendo como pano de fundo o exemplo da Igreja Primitiva:
(...) A igreja atual não pode prescindir do exemplo da igreja primitiva. Ela é padrão para todas as iniciativas, seja em que área for da vida eclesiástica. Por sua contemporaneidade apostólica, recebeu os ensinos de Jesus em primeira mão e deixou uma herança de valor incalculável para as gerações seguintes.  (Lições Bíblicas, CPAD, 1° trimestre, p.43, 1993)
          Quantos exemplos poderiam ser citados aqui desta igreja que deixou um legado na história do cristianismo, este é um quadro para ser observado de vários ângulos, mas nesta obra trataremos apenas de alguns aspectos que acompanhou a vida de Tiago, considerado como pilar da igreja primitiva.
          Como este artigo está em processo de construção, a sua estrutura aqui foi produzida em dois pequenos tópicos para serem apresentados na página Artigo do site da Equipe O Resgate: O primeiro traz um resumo da biografia de Tiago servo de Jesus Cristo e o segundo discorre sobre a relação entre fé e obras.

1.    Tiago, servo de Jesus Cristo
          Filho de Maria e irmão de Jesus, Tiago não quis lograr para si destaque algum, podemos ver no início de sua carta a saudação de um homem humilde que aprendeu a atribuir a honra e a glória a quem de fato o merece: “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tg 1.1 parte a).
      Ernandes Dias comentando a palavra “servo” faz citação de um especialista da língua grega: (...) “Doulos (escravo, servo) refere-se a uma posição de obediência completa, humildade absoluta e lealdade inabalável”. (Lopes, Hernandes pag. 14, 2006).
       Este destaque na saudação me chamou a atenção, no seguinte aspecto, se tinha uma pessoa que durante sua vida ministerial podia se "gabar", essa pessoa era Tiago, afinal ele era irmão de Cristo, todavia preferiu ser servo e a história diz que ele foi torturado, apedrejado e morto, as mãos do sumo sacerdote Anano, pela causa de Cristo Jesus, sem dúvida, uma lealdade inabalável deste servo de Deus.

2.      A relação fé e obras      
Dessa relação podemos extrair o seguinte: A salvação do homem é pela graça, através da fé, e não por méritos realizados por obras (Ef 2.8,9). Agora uma vida cristã que não combina a fé com as obras, faz duvidar a natureza da fé. Tiago diz que essa fé é morta: “Deste modo em relação a fé, por si só, se não for acompanhada de obras é morta.” (Tg 2.17, NVI) Nesta mesma linha de pensamento o dicionário Wicliffe traz um comentário importante:
(...) “As boas obras de um cristão são o resultado e a evidência da autenticidade da sua fé”. (Wicliffe, pág. 780).
Evidência, segundo o dicionário Houaiss, é “qualidade do que não dá margem a dúvidas”. Ou seja, na prática como sabemos se um cristão possui uma fé genuína? A resposta direta é a seguinte: Através das boas obras. Jesus nos deixou o ensino de que a árvore se conhece pelos seus frutos. E Tiago fez referência a Abraão e Raabe, ambos justificados pela autenticidade da fé evidenciada pelas boas obras. A Bíblia King James em seu comentário de rodapé sobre a vida de Abraão no livro de Tiago salienta:
(...) Tiago está usando um fato histórico, reverenciado por toda a comunidade judaica, para reforçar seu argumento de que a fé genuína tem como resultado natural o bom procedimento e as boas obras. (Bíblia King James, Tiago 2.21)
          O comentário que Tiago fez em sua carta sobre fé e obras fizeram com que o reformador Martinho Lutero duvidasse por algum tempo da canonicidade do livro, isto é, se Tiago fora inspirado por Deus ou não, porque parecia contradizer o que afirmou Paulo em sua epístola aos Romanos a conhecida passagem que ficou marcada e que deu base para a reforma protestante: “E o justo viverá pela fé” (Rm 1.17). Lendo o contexto da epístola fica claro que Tiago não quis afirmar que as boas obras têm o poder de salvar alguém, mas que a fé verdadeira e genuína é manifestada naturalmente pelas boas obras.
          A fé e a união é o ponto de partida para prática da responsabilidade cristã, podemos ver essas evidências na igreja primitiva: “todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum” (At 2.44) e especificamente aqui em Tiago, ele viu o homem como um todo: corpo, alma e espírito e lançou um olhar de fé para o Antigo Testamento e discorreu sobre um assunto deveras esquecido nos dias atuais, a religião pura e imaculada para com Deus, visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e guardar-se da corrupção do mundo. (Tg 1.27), ou seja, ele estava trazendo a baila que a igreja tinha um pacto com Deus e que não podia abrir mão de sua responsabilidade, como nos dias atuais, no tempo de Tiago as necessidades humanas acometiam as vidas de muitos e os cristãos não podiam fechar os olhos e fingir que nada estava acontecendo. Agora a minha pergunta é a seguinte: Quem são os órfãos e as viúvas de hoje e o que estamos fazendo para aliviar as suas dores físicas, emocionais e espirituais? A seguir estarei mencionando alguns males que estragam a vida e que se enquadram nesta pergunta, males estes combatidos pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo:
ü     A fome (Mc 6.35-44)
ü     A doença (Mc 1.32-34)
ü     O abandono (Mt 9.36)
ü     A solidão (Mt 11.28)
ü     A discriminação (Jo 4. 9,10)
ü     As leis opressoras (Mt 23. 13-15)
ü     A injustiça (Mt 5.20)
ü     O medo (Mc 6.50)
     Jesus disse: “tive fome, tive sede, fui estrangeiro, estando nu, estando enfermo e na prisão” (Mt 25. 42,43) Estas colocações do mestre é para nós percebermos a essência do Evangelho. Quando atendemos ao necessitado estamos atendendo ao próprio Jesus de Nazaré, e Ele alegra-se com esta atitude porque o amor praticado vale mais do que o amor pregado. Não podemos deixar de citar aqui o apóstolo João, e a sua ênfase sobre o amor ele fez a seguinte pergunta: “Se alguém possuir recursos materiais e, observando seu irmão passando necessidade, não se compadecer dele, como é possível permanecer nele o amor de Deus? (1Jo 3.17, NVI).

CONCLUSÃO:
 O contexto social em que estamos inseridos hoje clama por misericórdia, Eu quis unir aqui o útil ao agradável, juntando uma parte de minha monografia que discorre sobre a responsabilidade social da Igreja Primitiva: Um modelo para os nossos dias e fotos tiradas na comunidade do Jacintinho postadas no facebook da Equipe O Resgate: https://www.facebook.com/oresgate.maceio que retratam uma realidade que vemos todos os dias e não percebemos já que a percepção exige um grau maior de atenção. O filme triste que passa no bairro de Jacintinho acontece em outros lugares carentes de Maceió, nas cidades do Brasil e no mundo, como disse o poeta Mano Brow: “Periferia é periferia em qualquer lugar”, ou seja: dor, sofrimento, miséria, fome, violência, discriminação.
Minha intenção ao enviar as fotos que retratam o lugar onde moro é ser direto: “A fé sem as obras é morta”, mas também não sou ignorante o bastante pra dizer é tarde, pelo contrário, chegou o tempo de usarmos a fé e fazermos o que Cristo nos ensinou no evangelho. A transformação social depende de nós, se colocarmos o evangelho em prática acontecerá à mudança. Se temos água, pão, vestes, enfim se temos a ferramenta para a transformação, mãos a obra. O que estamos esperando? Temos o mapa para essa empreitada, temos as estratégias para esse combate, temos a Palavra de Deus, eu oro para que flua em nossos corações a compaixão, a doação, a renúncia.


____________________________O RESGATE_______________________________
 
 

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